O que queremos dizer com “nascer de novo”?
São João diz-nos no seu Evangelho (3:1-7) que certa noite um Fariseu, chamado Nicodemos, procurou Jesus e disse-Lhe: “Rabi, nós sabemos que sois um professor enviado por Deus; porque ninguém pode fazer esses sinais que fazeis, a menos que Deus esteja com ele”. Jesus respondeu: “Em verdade vos digo, a menos que alguém nasça de novo, não poderá ver o reino de Deus”.
Nicodemos perguntou-Lhe: “Como é possível a um homem nascer quando já é velho? Poderá ele entrar uma segunda vez no ventre de sua mãe e nascer?”. Jesus respondeu mais uma vez: “Em verdade vos digo, a menos que nasça da água e do Espírito, não poderá entrar no reino de Deus. Aquele que nasce da carne é carne, e aquele que nasce no Espírito é Espírito. Não se espantem por Eu vos ter dito: ‘Vós deveis nascer de novo’”.
Jesus tornou-se Homem para que a felicidade eterna pudesse ficar à nossa disposição. E como é que podemos obter essa felicidade eterna? Jesus explicou que através “da água e do Espírito”.
Quando Jesus estava prestes a voltar ao céu, ordenou aos seus apóstolos: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a todas as criaturas. Aqueles que acreditarem e forem baptizados serão salvos; mas os que não acreditarem serão condenados” (Marcos 16:15-26). Com estas palavras Jesus afirma, inequivocamente, a importância absoluta do Sacramento do Baptismo. Assim, “desde o dia de Pentecostes que a Igreja administra o Baptismo a quem crê em Jesus Cristo” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica nº 255).
O Baptismo faz parte dos Sacramentos da Iniciação Cristã. O CCIC refere no ponto 251: A Iniciação Cristã “realiza-se mediante os sacramentos que lançam os alicerces da vida cristã: os fiéis, renascidos pelo Baptismo, são fortalecidos pela Confirmação e alimentados pela Eucaristia”.
O Baptismo eleva-nos a um tipo de vida superior, à Vida Divina; ela apresenta-nos um mundo totalmente novo, o mundo da graça santificadora. Já explicámos que a graça santificante é como um passaporte que nos torna cidadãos do céu, com o direito de lá morar e de desfrutar de todos os direitos e privilégios dos filhos de Deus.
Este Sacramento tem diversos nomes. “Antes de mais, chama-se Baptismo por causa do rito central com que é celebrado: baptizar significa ‘imergir’ na água. O que é baptizado é imerso na morte de Cristo e ressurge com Ele como «nova criatura» (2 Cor., 5,17). Chama-se também «banho da regeneração e da renovação no Espírito Santo» (Tit., 3,5) e «iluminação», porque o baptizado se torna «filho da luz» (Ef., 5, 8)” (CCIC nº 252).
Já no Antigo Testamento encontramos figuras ou imagens que simbolizam o Baptismo. O CCIC explica no ponto 253: “Na Antiga Aliança encontram-se várias prefigurações do Baptismo: a água, fonte de vida e de morte; a arca de Noé, que salva por meio da água; a passagem do Mar Vermelho, que liberta Israel da escravidão do Egipto; a travessia do Jordão, que introduz Israel na terra prometida, imagem da vida eternal”.
E quem conduz ao cumprimento tais prefigurações? Segundo o CCIC, “é Jesus Cristo, o qual, no início da sua vida pública, se fez baptizar por João Baptista, no Jordão: na cruz, do seu lado trespassado, derramou sangue e água, sinais do Baptismo e da Eucaristia, e depois da Ressurreição confia aos Apóstolos esta missão: «Ide e ensinai todos os povos, baptizando-os no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (Mt., 28, 19-20)” (CCIC nº 254).
Pe. José Mario Mandía