Diocese de Hong Kong vai ter novos bispos auxiliares
O Papa Francisco escolheu os padres Michael Yeung, Joseph Ha e Stephen Lee para bispos auxiliares da Diocese de Hong Kong. Trata-se de três personalidades bem conhecidas no seio da Igreja Católica pelos cargos que vinham ocupando até à presente data. Michael Yeung como director da Caritas e vigário-geral da Diocese, Joseph Ha como superior provincial dos franciscanos em Hong Kong e Stephen Lee como vigário regional do Opus Dei. A sucessão do cardeal D. John Tong em 2017 poderá estar assegurada. Cabe ao Papa decidir.
Os padres Michael Yeung Ming-cheung (diocesano), Joseph Ha Chi-shing (franciscano) e Stephen Lee Bun-sang (Opus Dei) foram nomeados bispos auxiliares de Hong Kong, no passado dia 11 de Julho.
O monsenhor Andrea Francia, da Vatican Study Mission de Hong Kong, anunciou os três futuros bispos ao mesmo tempo que em Roma eram dados a conhecer pela Santa Sé.
Dado o tamanho da Diocese de Hong Kong, a nomeação poderá parecer excessiva, devendo ser encarada, sobretudo, como um acto de fé no futuro da Igreja Católica na região. À excepção do padre Michael Yeung, que nasceu em Xangai, os padres Joseph Ha e Stephen Lee são naturais da ex-colónia britânica.
Com o objectivo de evitar especulações em torno da sucessão do cardeal D. John Tong, bispo de Hong Kong, este fez saber no mesmo dia que irá continuar no cargo por mais três anos para além dos 75 anos de idade – ontem completados – a pedido do Papa Francisco, pelo que outros nomes poderão surgir a médio prazo.
Se uma semana é muito tempo em política, três anos na vida de Hong Kong e da China continental é uma eternidade, tendo em conta a turbulência política que vem sendo alimentada por diversos grupos dos dois lados da fronteira.
Segundo o padre Michael Yeung, «ninguém sabe qual o caminho que irá ser trilhado, nem qual o futuro das relações entre a Igreja e o Vaticano nos próximos meses, mas caso haja novos desenvolvimentos a presença dos bispos ajudará a Igreja a dar resposta às necessidades».
Os três sacerdotes estudaram em Hong Kong e no estrangeiro, tendo dedicado grande parte da vida sacerdotal aos fiéis: o padre Michael Yeung como director da Caritas e na função de vigário-geral da Diocese; o padre Joseph Ha como superior provincial dos franciscanos em Hong Kong e membro da direcção do Seminário do Espírito Santo; e o padre Stephen Lee como vigário regional do Opus Dei e reitor da Escola Tak Sun.
Durante uma conferência de Imprensa realizada a 12 de Julho, o diálogo com os jornalistas incidiu sobre os tópicos que vêm marcando a agenda de Hong Kong: as acções do movimento “Occupy Central”, a voz da Igreja nos assuntos políticos e a relação entre Hong Kong e Pequim.
Questionado sobre a polémica iniciativa de fomentar a desobediência cívica na população, o padre Joseph Ha respondeu que «os ensinamentos da Igreja e dos diferentes Papas vão no sentido do respeito pelas regras, desde que as autoridades governem para o bem comum, de acordo com os princípios morais. A grande dificuldade está em saber qual o momento apropriado para actuar».
O padre Stephan Lee explicou que «embora um líder religioso peça ao seu rebanho para estar silencioso como Jesus perante Judas, a Bíblia é um livro grande cujo conteúdo dá espaço a opiniões e pode ser exibido como lei».
Por sua vez, o padre Michael Yeung sublinhou que «a Diocese de Hong Kong não deve encorajar nem desencorajar os fiéis a aderirem ao movimento “Occupy Central”, mas deixar as pessoas fazerem o seu próprio julgamento político sobre a matéria». Contudo, deixou claro que «a Igreja deve estar preparada para ajudar qualquer pessoa que seja detida», indo assim ao encontro «da normal e antiga prática de oferecer ajuda pastoral a todos os necessitados, desfavorecidos e discriminados».
«Deve ser dado mais tempo à discussão sobre a controversa questão da eleição do próximo Chefe do Executivo, antes que a administração local envie os resultados das consultas públicas para Pequim. Aguardar mais tempo permitirá progredirmos através do diálogo, o que é fundamental quando se vive um impasse», acrescentou, alertando ainda para o facto da Igreja «falar a várias vozes sobre o mesmo assunto, sob diferentes ângulos e perspectivas, não permitindo que apenas uma pessoa ou um grupo fale em nome de outros».
A terminar, revelou que foi «confrontado com a hipótese da Diocese de Hong Kong extinguir a Comissão Justiça e Paz» – um grupo de trabalho bastante crítico das políticas do Governo – tendo sido «terminantemente rejeitada».
Os três sacerdotes vão ser ordenados bispos no próximo dia 30 de Agosto.
In Sunday Examiner