Sinais do Senhor Ressuscitado
No Domingo de Páscoa celebrámos a Ressurreição do Senhor. Os Evangelhos relatam que o túmulo não estava, de facto, completamente vazio. Os apóstolos João e Pedro viram os panos que tinham envolvido o corpo de Jesus e o véu que cobriu o Seu rosto, este enrolado em lugar separado. Mal sabiam que estas relíquias continham a imagem do corpo e da face do Salvador, imortalizado para a eternidade. Com base nos estudos do escritor Paul Badde, fomos ao encontro do véu de Jesus Cristo – hoje conhecido como Véu de Manoppello – no qual se encontra uma imagem milagrosa do Seu rosto. À semelhança da imagem milagrosa de Nossa Senhora de Guadalupe, o Véu de Manoppello desafia a Ciência, a qual não encontra resposta para o modo como a imagem ficou impressa no tecido de “seda marinha” que continua a maravilhar o mundo.
O teólogo alemão Klaus Berger disse acerca do historiador e jornalista Paul Badde: «Ninguém jamais ousou ir tão a fundo do Santo Sepulcro como Paul Badde».
O véu de Manoppello é o sudário de Cristo, admite Badde. Este é o segundo pano misterioso do túmulo de Cristo crucificado que João Evangelista descobriu juntamente com outro pano de linho, hoje preservado em Turim, na Itália, o Santo Sudário. Badde explica que o termo “sudário” se refere, na realidade, ao que é conhecido como o Véu de Manoppello, que tem a imagem do rosto de Jesus, vivo e com os olhos bem abertos.
O historiador defende que o Sudário e o Véu apresentam-se-nos como duas provas da Ressurreição, as duas provas exigidas pela lei judaica. Uma mostra-nos Cristo morto e a outra Cristo vivo.
O túmulo do Senhor não estava vazio na primeira manhã de Páscoa. Não havia ninguém lá dentro – isso é verdade. Cristo não estava ali mais deitado. No entanto, a narrativa bíblica diz do discípulo, daquele que Jesus mais amava (João 20:5), que inclinando-se ao olhar para dentro, viu os panos de linho, mas não entrou. Então chegou Simão Pedro, seguindo-o e entrou no sepulcro, vendo os panos de linho estendidos e o lenço (véu), que estivera no rosto do Senhor, não deitado com os panos, mas enrolado num lugar isolado. É impensável que João se tenha preocupado com detalhes irrelevantes naquele momento.
É por isso que o Sudário de Turim e o Véu de Manoppello unem-se de uma maneira única. Estes dois tecidos, tão diferentes um do outro, revelam imagens milagrosas, e tal é particularmente importante. Ambos são incríveis!
O Sudário contém a imagem de todo o corpo de Jesus, ensanguentado e ferido, majestoso na morte – um grande “lençol” de linho de quatro metros de comprimento, mas quase impercetível nos seus contornos e detalhes. O Véu, por seu lado, é um pedaço delicado de tecido transparente, raro e valioso – “seda marinha” –, que mede apenas 28 centímetros por dezassete centímetros, no qual o rosto de Jesus como que flutua na luz que parece reter.
Estas imagens milagrosas reflectem, nada menos, que o milagre da Ressurreição de Jesus Cristo, absolutamente inexplicável. Não são fotografias, nem pinturas; são maravilhosas criações de Deus. As duas imagens são tão inexplicáveis, quanto a própria vida.
Badde descreve o Sudário e o Véu como “as primeiras páginas do Evangelho”, escritas não pelas mãos do homem, nem por palavras, mas por imagens, durante a noite da Ressurreição.
O Sudário chegou até França e foi exibido ao público, pela primeira vez, em Lirey, no ano de 1356. A partir de então, foi ganhando maior visibilidade, enquanto o Véu se desvaneceu na obscuridade. O Véu reapareceu novamente em 1508, ao ser levado para a comuna de Manoppello por um desconhecido e ali colocado num relicário por cima do altar do mosteiro capuchinho, visível a todos que o visitam. O santuário é conhecido como “Volto Santo”, ou “Sagrada Face”.
Foi quando o guardião capuchinho do santuário de Manoppello, frei Domenico da Cese, tirou em 1977 uma grande fotografia do Véu para um congresso eucarístico em Pescara, nas proximidades, que o mundo começou a tomar conhecimento desta relíquia.
Badde destaca que o tecido (byssos – tecido feito de seda de mexilhão) é um dos mais preciosos que se pode imaginar – não pode ser pintado, apesar da seda do Véu de Manoppello parecer ter sido pintada com pinceladas de luz, alterando-se a sua percepção conforme os vários ângulos de vista, a intensidade da luz, as estações do ano e as horas do dia.
O mais curioso é o facto de ao colocar-se o Véu sobre o rosto do Sudário de Turim, ambos combinarem ou coincidirem na perfeição.
O Papa Bento XVI optou por visitar o santuário de Manoppello numa das primeiras viagens do seu pontificado. Badde revela: “Ele escolheu viajar para lá, imediatamente depois de ler o meu livro, do qual lhe enviei o primeiro exemplar a 1 de Outubro de 2005”.
Assim, no dia 1 de Setembro de 2006, Bento XVI visitou o santuário da Santa Face, de helicóptero. Foi também a primeira viagem do seu pontificado dentro de Itália. “Foi um ponto de viragem na história da Sagrada Face, após o qual não houve retorno”, lembra Badde.
VÉU DE MANOPPELLO VS VÉU DE VERÓNICA
O Véu de Manoppello é muitas vezes confundido com o véu de Verónica, que supostamente limpou o rosto de Jesus no Seu caminho para o Calvário. O relato do véu de Verónica não consta nos Evangelhos, tendo chegado aos nossos dias pela tradição da Igreja. O seu nome, que também nos chega pela tradição, contém no entanto um significado curioso: Verónica vem de “Vero Ícone”, ou seja, a “Verdadeira Imagem”.
Curiosamente, o denominado véu de Verónica foi preservado e reverenciado na Basílica de São Pedro, em Roma, o mais poderoso templo da Cristandade, ao contrário do Véu da Santa Face, que reside na pequena igreja capuchinha de Manoppello.
Há relatos sobre a imagem misteriosa do véu de Verónica que datam do século VI; relatos de um retrato de Cristo num véu delicado, que dizia-se “não pintado por mãos humanas”. Foi “extraído da água”, diz a primeira fonte siríaca. Ninguém jamais conseguiu explicar como surgiu no mundo.
O termo “sudário” tem sido utilizado para o Sudário de Turim, mas este é apenas um dos “tecidos do túmulo”. Outros há, como um pano ensanguentado, preservado em Oviedo (Espanha), e uma fita que estaria em volta da cabeça de Jesus, guardada em Cahors, no sul de França.
O Véu de Manoppello foi exibido publicamente pela primeira vez em Roma, no ano de 1208. Há ícones e pinturas de Cristo que apresentam grandes semelhanças com as características do Véu, como por exemplo uma pequena “franja” de cabelo na testa. Por que um artista a colocaria lá? Não estaria ele a copiar a partir do Véu?
Paul Badde afirma: “O que eu sei, no entanto, é o seguinte: vai mudar a face do mundo assim que o Cristianismo perceber plenamente que Deus realmente deixou, não apenas o testemunho de um bom número de testemunhas confiáveis (nos Evangelhos, por exemplo), mas também uma imagem material de si mesmo na terra. Isso mudará o mundo o quanto antes – pelo menos da mesma forma que a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe mudou o mapa e a história no México depois que ela apareceu e ali deixou a sua imagem a 12 de Dezembro de 1531”.
Os estudos de Badde, realizados ao longo de vários anos, estão publicados em dois livros: “The Face of God” e “The True Icon”.
Miguel Augusto
com trechos do livro de Paul Badde “The Face of God”. Inside the Vatican(revista). National Catholic Register (um serviço da EWTN) e ZENIT