Cardeal enalteceu contributo de João Paulo II
O cardeal D. Jean-Louis Tauran, que em 1989 era subsecretário do Vaticano para as Relações com os Estados, recordou a queda do Muro de Berlim e destacou o contributo do Papa São João Paulo II.
«João Paulo II dizia sempre que o sistema comunista estava internamente minado e que mais cedo ou mais tarde haveria de cair, mas ninguém teria pensado que isto aconteceria em tão pouco tempo e, sobretudo, sem um banho de sangue», começou por revelar o actual presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso (Santa Sé).
Para D. Jean-Louis Tauran, a eleição do arcebispo de Cracóvia (Polónia) como Papa, em Outubro de 1978, provocou «desconcerto» e o «sistema não funcionava mais».
O prelado explicou os três elementos que, na sua opinião, foram essenciais para a queda do Muro que dividia a cidade de Berlim, em 1989: «A evolução introduzida com a atmosfera dos Acordos de Helsínquia e depois com a acção de dois homens, protagonistas da história, João Paulo II e Mikhail Gorbatchov».
«Quando se encontraram um falava em polaco, o outro em russo e entenderam-se muito bem», assinalou o cardeal que acrescentou que o Papa preparou a visita «lendo uma passagem do Novo Testamento em russo», durante um mês inteiro.
Deste período, D. Jean-Louis Tauran recordou ainda como momentos que o impressionaram o facto de na Conferência para a Segurança e a Cooperação na Europa ter «falado com alguns diplomatas soviéticos» ou o jornal Pravda, órgão de comunicação social oficial na União Soviética, ter publicado uma entrevista ao patriarca Pimen, chefe da Igreja Ortodoxa russa.
O cardeal francês destacou também a «imensa coragem» de bispos e sacerdotes que foram detidos e torturados, referindo que «cada século tem os seus mártires».
«Creio também que a maior ilusão era pensar que se pudesse ter um “cristianismo de moda”, que agradasse a todos. A Cruz de Cristo é um desafio para todos», concluiu.
In ECCLESIA
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