PAULO YUN JI-CHUNG E 123 COMPANHEIROS MÁRTIRES CELEBRADOS A 1 DE JUNHO

PAULO YUN JI-CHUNG E 123 COMPANHEIROS MÁRTIRES CELEBRADOS A 1 DE JUNHO

Valentia paga com a vida

Paulo Yun Ji-chung (em Coreano 윤지충 바오로) é um leigo cristão coreano, mártir e beato da Igreja Católica, nascido no ano de 1759 em Jinsan, província de Jeolla, no Sudoeste da Península da Coreia, tendo morrido decapitado a 8 de Dezembro de 1791, em Jeonju, na mesma província. Reconhecido como mártir pela Igreja Católica, por decreto da Santa Sé em 7 de Fevereiro de 2014, foi beatificado a 16 de Agosto desse ano pelo Papa Francisco, juntamente com 123 companheiros mártires, em Missa celebrada na Porta de Gwanghwamun, em Seul, na Coreia do Sul. O beato Paulo Yun Ji-chung é celebrado no seu país no dia 8 de Dezembro. Juntamente com os 123 mártires, a Igreja celebra-o a 1 de Junho.

Paulo Yun nasceu no seio de uma família nobre e muito respeitada na Coreia. O irmão mais novo, Francisco Yun Ji-heon, veio a ser também um dos mártires da Coreia. Reputado como inteligente, Paulo Yun dedicou-se desde cedo aos estudos. Em 1783 fez o primeiro exame estadual. Na mesma época, ouviu falar da religião católica, através do primo Jeong Yak-yong, filho de uma das irmãs do seu pai. Começou então a ler livros sobre o tema, dedicando-se depois, interessado, a estudar a doutrina católica, o que fez durante três anos. Convertido, viria a ser baptizado em 1787, por Peter Yi Seung-hun (1756-1801), um dos primeiros mártires católicos coreanos.

Paulo Yun começou por ensinar o Catecismo às pessoas que lhe eram mais próximas, como a sua mãe, o irmão mais novo, o primo Tiago Kwon Sang-yeon, filho de uma das irmãs da sua mãe, tendo-os introduzido na Igreja Católica. Depois, começou também a divulgar o Evangelho, com um seu parente, Agostinho Yu Hang-geom. Entretanto, em 1789, o bispo de Pequim, D. Alexandre de Gouveia (1731-1808, bispo entre 1782 e 1808), proíbe os ritos ancestrais, por considerar serem contrários aos ensinamentos da Igreja. Por isso, Paulo Yun e o primo Tiago Kwon destruíram a lápide dos seus antepassados, ou ancestrais (perante a qual ofereciam os ritos). A confirmar essa renúncia aos ritos ancestrais, quando a sua mãe faleceu e de acordo com a sua vontade, Paulo celebrou o funeral segundo o rito católico.

A notícia desta recusa aos ritos coreanos antigos logo se espalhou rapidamente, chegando à corte real, que ordenou a prisão a Paulo e Tiago. Ao saberem dessa ordem, refugiaram-se em Chungcheong, mas regressariam depois para se entregarem à justiça em Outubro de 1791, para que o seu tio não fosse preso em retaliação.

O magistrado de Jinsan tentou fazê-los renunciar à fé, apostatar, portanto, mas responderam os primos que o ensinamento católico era o verdadeiro ensinamento. O magistrado, vendo que tinha falhado nos seus intentos, ordenou a transferência de ambos para as instalações do governador de Jeonju. Questionados por este, os dois primos continuaram a defender a sua fé. Durante o processo, Paulo Yun evidenciou, acima de tudo, a irracionalidade dos ritos ancestrais, explicando a doutrina católica. Furioso, o governador ordenou que fossem severamente espancados. Incapaz de os persuadir a apostatarem, o governador obrigou-os depois a escreverem as suas declarações finais, submetendo-as à corte real. Perante a irredutibilidade dos primos, os ministros do tribunal afirmaram que os dois cristãos deviam ser decapitados. O soberano aceitou o conselho dos ministros e autorizou a execução de Paulo e Tiago.

Ao receber o veredicto, Paulo foi conduzido ao local da execução, juntamente com o primo. Segundo os relatos, Paulo parecia muito feliz, continuando a falar do Cristianismo e invocando Jesus e Maria. Tinha 32 anos de idade. Só nove dias depois é que as famílias foram autorizadas a remover os corpos, a fim de serem enterrados.

Lembre-se que Paulo foi martirizado, apenas por ter tentado realizar um funeral católico para a sua mãe, ignorando os rituais antigos. À semelhança deste, todos os novos beatos eram leigos, com excepção de um padre, Tiago Mun-mo, que fôra da China.

Destaque-se a importância dos leigos que assumem a fé cristã com denodo e valentia. De recordar ainda que estes mártires coreanos, jovens em boa parte, são referências para os católicos da Coreia do Sul, país que acolherá as próximas Jornadas Mundiais da Juventude, em 2027.

Vítor Teixeira

Universidade Fernando Pessoa

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