Cáritas deu guarida a meio milhar
Desde que o Governo de Macau declarou, no sábado, o estado de prevenção imediata, os Centros de Acolhimento Temporário da Cáritas registaram mais de quinhentas inscrições. A decisão, tomada por Zhuhai, de impor quarentena a quem tenha estado em Macau, deixou centenas de trabalhadores não-residentes num limbo. Entre os afectados há também residentes de Macau.
Ao longo dos últimos cinco dias, os Centros de Acolhimento Temporário da Cáritas facultaram mais de quinhentas dormidas a pessoas que foram indirectamente afectadas pelo surto comunitário de Covid-19 que levou o Governo a declarar o estado de prevenção imediata no passado sábado.
O agravamento do panorama epidemiológico no território levou as autoridades do Município de Zhuhai a declarar um período de quarentena de catorze dias para quem tenha estado em Macau. A medida deixou dezenas de trabalhadores não-residentes num limbo, impossibilitados de regressar a casa. «A Cáritas garantiu assistência a mais de cinco centenas de pessoas ao longo destes dias. Quando digo cinco centenas de pessoas, digo que algumas delas utilizaram as instalações mais do que uma vez. Não foram exactamente mais de quinhentas pessoas, foram mais de quinhentas inscrições», disse Paul Pun em declarações a’O CLARIM. «Trata-se, sobretudo, de trabalhadores-migrantes, oriundos da China [continental]. Se eles decidirem regressar à China, terão que se sujeitar a catorze dias de quarentena. Como eles não podem voltar, não têm onde ficar cá em Macau. Estas pessoas cruzavam a fronteira todos os dias para pernoitar na China», acrescentou o secretário-geral da Cáritas.
O apertar das disposições sanitárias, de um e do outro lado das Portas do Cerco, não afecta, no entanto, apenas trabalhadores não-residentes. Entre os afectados estão também cerca de cinco dezenas de residentes de Macau com morada em cidades como Zhuhai e Zhongshan. «Também demos guarida a alguns residentes locais que possuem morada na China. Devido às novas políticas de contingência do coronavírus, as pessoas não podem ir para Zhuhai e para Zhongshan, que era a cidade onde eles viviam. Vêem-se obrigados a ficar em Macau», explicou. «Cerca de dez por cento das pessoas que ficaram nos Centros de Acolhimento Temporário da Cáritas são mulheres e os residentes de Macau são cerca de dez por cento. Aquilo que oferecemos às pessoas é um local onde podem dormir, onde podem tomar banho ou apenas um local onde podem descansar. Asseguramos acomodação, como a Bíblia refere. Tentámos ser Bons Samaritanos», acentuou Paul Pun.
A Cáritas opera actualmente três Centros de Acolhimento Temporário, todos na zona da Ilha Verde, nas imediações da nova fronteira de Qingmao. As autoridades do território deram na terça-feira por concluídos os testes de Covid-19 à população. A segunda sessão de testes em massa organizada pelo Governo de Macau em pouco mais de um mês teve origem no sábado, depois de terem sido detectados dois casos de infecção comunitária em seguranças de um dos hotéis usados para quarentena. No total, foram testadas cerca de 690 mil pessoas.
M.C.