Nós que somos vizinhos, temos de nos ajudar

A história verídica passou-se há muitos anos, mas é sempre actual.

Numa aldeia do Estado de Michigan nos Estados Unidos, um camponês ia para casa no seu carro, já muito antigo e em mau estado, mas o dinheiro não dava para comprar outro.

Ao passar viu um carro de marca Ford, topo de gama na altura, e dentro o dono – nada mais nada menos que o dono da Fábrica Ford, um magnate da indústria automóvel, muito contrariado porque o carro avariou.

O camponês parou, saiu do seu carro e aproximou-se do carro de Henry Ford.

– Senhor Ford, precisa de alguma coisa?

Henry Ford um pouco surpreendido, perguntou:

– O senhor conhece-me?

– Sim, diz o camponês, eu moro com a minha mulher e as meus filhos no casebre mesmo ao lado do seu palacete, aqui na vila.

– Henry Ford então pediu-lhe: pode dar-me uma boleia até casa, para eu mandar cá o meu motorista ver se resolve o problema?

– Com todo o gosto, senhor Ford, só que vai notar a falta de conforto no meu velho calhambeque.

– Isso não conta, o que conta é o favor que me fez.

– Mas senhor Ford, se nós que somos vizinhos não nos ajudamos, mal vai o mundo.

Deixando o seu passageiro em casa, o camponês dirigiu-se para o seu casebre.

Na manhã seguinte, quando ia a sair para o seu trabalho, encontrou à sua porta um magnífico carro de marca Ford, com esta mensagem: «se nós que somos vizinhos não nos ajudamos, mal vai o mundo».

Como disse esta história verdadeira, mas antiga, serve-me para uma outra recente do mesmo teor.

Morava num apartamento de uma casa, onde também vivia no seu a senhoria.

Dávamos de um modo excelente. Recordo, que quando mudamos, o meu Pai que andava adoentado ao fim de 16 dias faleceu. O vizinho do andar de cima, que era paralítico, foi o primeiro a aparecer para apresentar condolências.

Se alguém ao fazer o jantar sentia a falta de uma cebola, por exemplo, batia à porta do vizinho e resolvia o seu problema.

A minha Mãe adoeceu gravemente, com uma doença oncológica e não era conveniente deixá-la só. Quando acontecia que a empregada externa já tinha saído e eu precisa de qualquer coisa, bastava ligar o telefone e pedir a uma vizinha se me ia comprar o necessário para eu não deixar a minha Mãe só.

O filho mais novo da senhoria, fez 18 anos e ia dar uma festa. A senhoria andou por todos os andares a pedir compreensão para algum barulho feito fora de horas. Pediu também se deixávamos ocupar a nossa garagem com algum carro dos convidados.

Mas as coisa mudaram para pior, se bem que me pareça que estão a melhorar. A senhoria resolveu transformar o prédio em propriedade horizontal e de uma a mandar, passaram a mais de 20.

Ninguém se cumprimentava ao cruzar nas escadas ou no elevador; 40 cm de um carro colocado fora da garagem dava logo queixa ao administrador, por algum morador quezilento, etc.

Registo com agrado que as coisas estão a melhorar – talvez porque, nós os antigos moradores, já temos mais cabelos brancos do que tínhamos na altura….

Maria Fernanda Barroca

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