Mais uma semana de espera

Esta semana pouco mais há a acrescentar. Continuamos em processo de observação das condições climatéricas, esperando que nos apareça uma janela meteorológica favorável que nos garanta cinco a seis dias de bom tempo para chegarmos a Grenada. A viagem, se tudo correr bem, deverá demorar quatro dias, sendo que Grenada fica a cerca de 450 milhas náuticas da ilha de St. Thomas, cumprindo nós cerca de 90 a 100 milhas por dia. Desta vez vamos tentar fazer tudo à vela, sem ter de recorrer ao motor, porque finalmente temos todas as velas prontas e em boas condições. Esperamos que nada fora de normal aconteça e que possamos usar só o vento porque é um prazer velejar nestas águas… e o gasóleo é caro!

Nos últimos dias recebemos a primeira genoa que foi reparada e tivemos um dia de pouco vento que possibilitou metê-la no enrolador de proa. Apenas falta mudar uma peça metálica que quero colocar no pé da vela porque durante a reparação mandei encurtá-la, tornando-a mais maleável para a nossa curta tripulação. A segunda genoa virá ainda mais curta que esta, o que para nós será melhor porque nos poupará muito trabalho em troca de velas quando mudamos de direcção. Irá funcionar quase como se fosse uma vela principal sem ter que haver preocupações com adriças a encurtar ou alargar.

Esta semana foi vivida à espera de uma frente tropical que se desenvolveu junto das ilhas de Cabo Verde e que tem sido classificada como “muito provável tempestade tropical”. Na altura em que lerem estas linhas devemos estar preparados para um fim-de-semana de muita chuva e vento. Esperando, com o credo na boca, que seja mesmo só isso. Para tempestades tropicais já tivemos a nossa quota parte este ano. Sinceramente, peço a todos os anjos e santos que fiquemos por aqui porque sempre que tal acontece é uma preocupação de todo o tamanho. Nunca sabemos se estamos seguros e se a tempestade é grande ou pequena.

Depois da chuva, na segunda-feira – se mais nenhuma frente se formar junto da costa africana na zona de Cabo Verde (é daqui que todas as tempestades partem para as Caraíbas) – estaremos então a dois ou três dias de zarpar rumo a Grenada. Será apenas preciso tratar dos procedimentos de saída do porto; fazer as últimas compras de mercearia; atestar de gasóleo e gasolina; encher os tanques com água potável; verificar o óleo do motor e o líquido de refrigeração; dar uma última limpeza ao casco do veleiro; colocar tudo no interior que não seja essencial à navegação (cadeiras que usamos no exterior, bóias de protecção, cabos e adriças que têm estado a ser usadas, entre muitos outros itens que acabam fora da cabine durante estes longos períodos ancorados); e dar mais uma vista de olhos aos sistemas eléctricos e electrónicos para ver se tudo está a funcionar.

No interior tudo tem que estar em local seguro para que não seja projectado durante o normal balançar do veleiro entre as ondas, algo que piora muito quando se encontra tempo mais alterado. Qualquer inofensivo livro ou panela se torna num perigoso projéctil que pode atingir quem esteja menos precavido, pelo que acomodar tudo em lugar seguro é essencial neste tipo de “habitação”.

Na noite antes do dia de saída, já quando tudo estiver preparado e nada mais houver a fazer em terra ou na parte exterior do veleiro, retira-se o bote da água e amarrasse no convés à frente do mastro onde irá ficar durante toda a viagem. O bote que usamos é insuflável mas de casco rígido, pelo que não se pode enrolar para meter no interior. É uma desvantagem mas, por outro lado, oferece-nos mais estabilidade quando o usamos e dá-nos mais segurança nas deslocações entre o veleiro e a terra.

Numa nota final relativa à tripulação, estamos todos bem e ansiosos pela partida. Se bem que também um pouco tristes porque St. Thomas tem sido um bom porto para nós. É já habitual sentirmos alguma tristeza sempre que deixamos um porto onde passamos algum tempo. A bébé da tripulação parece já ter ultrapassado o problema de pele que a tem afligido e anda toda bem-disposta.

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João Santos Gomes

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