Deslumbre para olhos e ouvidos
Na cidade alemã de Düsseldorf está localizada uma das maiores “little Tokyo” da Europa. Tal bastou para que, na primeira oportunidade, tivéssemos feito as malas e ido visitar a cidade, sempre com a intenção de ficar instalados bem no coração da “pequena Tóquio”. E porque íamos com fome de comida e cultura japonesas, decidimos ficar no Hotel Nikko, bem no coração da “little Tokyo”.
Nas nossas deambulações pelas ruas, repletas de todo o tipo de cafés, restaurantes e banhos japoneses, deparámos com a igreja de Santo André, construída outrora bem perto das margens do Rio Reno. Dedicada a Santo André – tal como o próprio nome indica –, foi edificada entre 1622 e 1629, no estilo barroco do Sul da Alemanha, pode ler-se nos panfletos disponíveis à entrada da igreja.
Foi originalmente construída para uso dos jesuítas, que chegaram a Düsseldorf em 1619, e serviu como “igreja da corte”, designadamente para os condes palatinos de Neuburg, a partir de 1708. Após a dissolução da ordem jesuíta, em Agosto de 1773, serviu como igreja paroquial até 2005, quando se tornou a igreja do mosteiro da Ordem Dominicana. O edifício é hoje propriedade do Governo da Renânia do Norte-Vestfália.
A decoração, com estuque de Johannes Kuhn de Estrasburgo e as esculturas em tamanho natural dos apóstolos e dos santos da Companhia de Jesus são as maiores atracções do templo.
Entre finais do Século XVII e inícios do Século XVIII, a igreja de Santo André foi um importante centro de cultura musical na cidade. O compositor Johann Hugo von Wilderer foi ali organista durante muitos anos. O mausoléu, projectado pelo arquitecto veneziano Simone del Sarto, contém vários túmulos, incluindo o de Johann Wilhelm.
O altar-mor da igreja foi destruído durante a Segunda Guerra Mundial e o novo altar, projectado por Ewald Mataré, foi construído em 1960. Pinturas de Ernst Deger podem ser encontradas nos dois altares laterais da igreja, dedicados à Virgem Maria.
Em 1972 a igreja ficou sob a alçada pastoral da comunidade local dos frades dominicanos e passou a servir como sua igreja principal.
No interior encontra-se um órgão que remonta a 1782, uma verdadeira obra-prima, que foi destruído durante a Segunda Guerra Mundial, mas que com a ajuda de cidadãos abonados foi restaurado e até ampliado em 1953.
Uma visita a não perder!
João Santos Gomes