O que são Transcendentais?
Os Transcendentais são propriedades características verificadas em cada ser, incluindo o Supremo Ser – Yahweh (Aquele Que É): unidade, verdade, bondade, beleza.
E porque é que são chamadas de “transcendentais”? Porque transcendem/ultrapassam e estão para além de todas as outras categorias (i.e. substância e os nove acidentes), e encontram-se em todos os tipos de “ser”. Cada ser é uno, verdadeiro, bom e belo.
Mas os transcendentais são os mesmos para todos os seres? Não! Como os seres, encontram-se em diversos graus. Todos os seres são unos, verdadeiros, bons e belos, mas não no mesmo grau. Deixem-nos examinar cada um destes transcendentais.
De facto, os transcendentais são outros “nomes” para “ser”. Mesmo se esses transcendentais tivessem os mesmos sentidos/significados (Gottlob Frege: Sinn), referir-se-iam à mesma coisa (Gottlob Frege: Bedeutung).
UNIDADE: Quando dizemos que um ser é uno, queremos dizer que não está dividido. A divisibilidade origina a multiplicidade. Se agarrarmos num pedaço de barro para moldar e o dividirmos em dois, ele passa a ser duas peças de barro para moldar; de um ser, passámos a ter dois seres. O grau de “unidade” depende do grau de ser que essa coisa possua. Uma borracha de apagar tem muito menos “unidade” do que uma lagarta; um ser humano tem menos do que um anjo. O Ser Supremo é a Unidade Suprema. É indivisível.
Sociedades, incluindo a família, são seres morais. Sendo assim, também possuem o que chamamos “unidade moral”. É claro que quando a sociedade perde a sua unidade, perde o seu “ser”. Quando uma associação se dissolve, ela deixa de existir. É por isso que a unidade é importante em qualquer sociedade. Maior unidade significa maior “ser”, uma maior proximidade ao Supremo Ser. Na realidade, a unidade emana Dele.
VERDADE: A verdade existe em diferente níveis. A verdade de que estamos a falar é o que podemos chamar de “verdade ontológica” (“ontos” é a palavra grega para “ser”). Verdade é o que se relaciona com o “ser”. Não estamos aqui a falar de “verdade gnosiológica” (aceitação do que eu penso ser a situação actual/real) ou a verdade moral (a concordância das minhas palavras com o que eu realmente penso). Discutiremos a verdade gnosiológica e verdade moral numa outra ocasião.
O que é a verdade ontológica? A verdade ontológica é o que poderemos conhecer (aquela que pode ser conhecida é passível de ser conhecida). Isto significa que eu posso saber algo porque tal existe de alguma forma. Nós não podemos saber “nada” ou não-ser (não existente), não concordam?
E como é com o nossos pensamentos ou imaginação? São “seres”?. Sim! São chamados “seres do pensamento”, mas o senso comum diz-nos que não são tão “reais” como os seres que na realidade existem, logo não são tão passíveis de serem reconhecidos como coisas reais.
E sobre Deus? Sabemos que Ele é o Supremo Ser. Sendo assim, também é a Suprema Verdade. De acordo com a nossa definição, verdade é aquilo que pode se conhecido. Então este facto leva-nos a que Deus seja o mais conhecido de todos os seres. E como é possível que não O reconheçamos facilmente? Deixem-me responder a esta pergunta com uma questão. Porque é que os nossos olhos não podem olhar directamente para o Sol? É o objecto mais visível no céu. Mas os nossos olhos não podem olhar para ele directamente. Acontece o mesmo com a nossa mente. Não podemos olhar directamente para Deus, não porque seja irreconhecível mas apenas por causa da nossa limitação mental.
Além disso, porque Deus é a Suprema Verdade, a Infinita Verdade, nunca chegará a ocasião em que diremos: “Eu conheço-O perfeitamente bem”. É por isso que precisamos de O conhecer na oração. Também é por isso que o paraíso será excitante, porque será uma viagem de descobertas infindáveis.
Nós já transcendemos o limite do nosso artigo pelo que continuaremos na próxima semana.
Pe. José Mario Mandía