A ressurreição da carne
Deus é omnipotente – pode tudo.
É todo-poderoso. O seu poder não tem limites.
Se os tivesse, não seria Deus.
Isso significa, entre outras coisas, que, para Deus, é mais fácil ressuscitar um morto do que para nós acordar alguém que está a dormir.
Pela fé sabemos que nem Jesus morreu para sempre – a sua ressurreição é a verdade culminante do nosso Credo – nem nós morreremos para sempre.
Basta para isso acreditar em Cristo com verdadeira fé, ou seja, obedecendo aos seus mandamentos. Vivendo de um modo coerente com aquilo em que acreditamos.
Quando os Apóstolos – cumprindo um mandato de Cristo – começaram a pregar o Evangelho a todas as gentes, aquilo que mais custava aos ouvintes aceitar na mensagem cristã era precisamente o tema da ressurreição da carne.
Os primeiros doze não diziam que a alma de Jesus lhes tinha aparecido depois da sua morte. Pelo contrário, afirmavam claramente – e sem lugar para interpretações dúbias – que Jesus tinha realmente ressuscitado.
A sua alma tinha voltado a unir-se ao seu corpo.
O sepulcro, onde o corpo de Cristo tinha sido piedosamente sepultado, estava vazio. O corpo que tinha estado na Cruz era o mesmo corpo que tinha ressuscitado, com a diferença de que agora era um corpo glorioso.
Jesus tinha ressuscitado para nunca mais morrer.
Mas, afinal, que significa exactamente a expressão ressurreição da carne?
Significa que o nosso estado definitivo não será somente a alma espiritual separada do corpo pela morte, mas que também os nossos corpos mortais um dia retomarão a vida (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica nº 203).
Como é que isto é possível se nós vemos que, após a morte, o corpo cai na corrupção?
Também o Compêndio nº 205 nos responde a esta pergunta:
Sabemos, pela fé, que o corpo (transformado) ressuscitará no regresso do Senhor. No entanto, compreender “como” acontecerá a ressurreição da carne supera as possibilidades da nossa imaginação e do nosso entendimento.
Então, que diz a Igreja Católica sobre a cremação dos mortos?
A resposta está no ponto 2301 do Catecismo:
A cremação está permitida desde que não ponha em causa a fé na ressurreição da carne.
No entanto, não podemos esquecer que a Igreja sempre aconselhou e continua a aconselhar vivamente que se conserve o piedoso costume de sepultar o cadáver do defunto (Código de Direito Canónico 1176 § 3).
Através das exéquias e da sepultura, ajuda-se mais facilmente as pessoas a rezar pelo eterno descanso daquele que acaba de partir.
E também a afirmar – nesse momento de grande sofrimento – a sua fé segura de que a morte não tem a última palavra.
Aquele, cujos restos mortais são depositados na terra, será ressuscitado por Deus no último dia.
Nós, cristãos, acreditamos firmemente na ressurreição da carne e na vida eterna.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
Doutor em Teologia