Nas Escolas de Macau rezou-se pela Paz no Mundo
O Papa Francisco pediu e Macau também correspondeu. Centenas de crianças das escolas católicas do território rezaram o Terço, na terça-feira, no âmbito da campanha global de oração pela paz e pela unidade promovida pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre. Pioneira na observação da iniciativa “Um Milhão de Crianças Rezam o Terço”, a comunidade católica de língua portuguesa associou-se ao evento pelo segundo ano consecutivo.
A pastoral de língua portuguesa da paróquia da Sé Catedral associou-se, esta semana, pelo segundo ano consecutivo à iniciativa “Um Milhão de Crianças Rezam o Terço”, promovida pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) e encorajada pelo Papa Francisco.
Perto de quinze crianças, acompanhadas por catequistas e por alguns pais, rezaram o Terço ao final da tarde da passada terça-feira, na capela de São Nuno, na igreja da Sé Catedral, pela paz e pela unidade no mundo. A oração foi conduzida pelo padre Daniel Ribeiro, SCJ, vigário paroquial da Sé Catedral para a comunidade de língua portuguesa. «É uma iniciativa da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre e, no que toca à comunidade de língua portuguesa da Sé, este foi o segundo ano em que a comunidade se associou a este processo», explicou o sacerdote. «No ano passado esta iniciativa também foi assinalada na Sé, mas o Terço foi rezado por menos pessoas devido às restrições associadas à Covid-19. Na Sé Catedral, a actividade arrancou às 17 horas e 15 minutos com um momento de apresentação da história desta iniciativa. Em seguida, rezámos o Terço com as crianças, com alguns pais, catequistas e familiares. Participaram cerca de quinze crianças», acrescentou o missionário da Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus, em declarações a’O CLARIM.
A comunidade católica de língua portuguesa foi pioneira, mas este ano não esteve sozinha na adesão a uma corrente global de oração que conquista cada vez mais aderentes um pouco por todo o mundo. A exemplo do que fez em 2021, o Papa Francisco voltou a endereçar um convite às crianças de todo o mundo para que participassem na iniciativa promovida pela AIS. Em Macau, o apelo do Sumo Pontífice não caiu em saco roto, com o bispo D. Stephen Lee a ordenar que a jornada de oração fosse observada em todos as escolas católicas locais.
Capelão no Colégio Diocesano de São José n.° 3, o padre Daniel também rezou o Terço com alguns alunos, docentes e funcionários da instituição de ensino. «Este ano, a comunidade chinesa, nomeadamente da rede de escolas que integram o Colégio Diocesano de São José, também se associou a esta iniciativa. No Colégio Diocesano de São José n.° 3, onde sou capelão, houve treze crianças que rezaram, junto com professores e funcionários do estabelecimento», disse. «No Colégio esta iniciativa também foi observada. Os alunos rezaram durante o período de almoço. Trata-se de um exemplo de unidade, porque mostra que as crianças de todo o mundo estão com o Papa», referiu o sacerdote dehoniano.
O acto repetiu-se em vários outros estabelecimentos de ensino, em particular nos que estão sob supervisão directa da diocese de Macau. No Colégio de Santa Rosa de Lima, onde a recitação diária do Terço é pratica habitual nos meses de Maio e de Outubro, na terça-feira rezou-se com o foco na paz e na unidade entre os povos. Na secção inglesa do Colégio a adesão à campanha global de oração pela paz e pela unidade materializou-se dentro das próprias salas de aula, com alunos e professores a trocarem momentaneamente a aprendizagem pela oração.
Na Ilha Verde, no Colégio Diocesano de São José n.º 6, o Terço foi conduzido pelo padre Cyril Law, num evento a que se associaram cerca de setenta alunos. A estes somam-se os quase trezentos que participaram na recitação do Terço no Colégio Diocesano de São José n.º 5, paredes meias com a igreja de Nossa Senhora de Fátima. Contas feitas, o padre Cyril Law, actual chanceler da Diocese, acredita que podem ter sido mobilizadas cerca de três mil crianças.
Macau foi um dos 134 países e territórios que acederam ao apelo do Papa Francisco e se associaram à jornada global de oração. De acordo com os números preliminares recolhidos pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, a iniciativa “Um Milhão de Crianças Rezam o Terço” mobilizou pelo menos 824 mil pessoas em todo o mundo. Para além de Macau, a campanha teve lugar em países como Portugal, Moçambique, Sudão do Sul ou Libéria. De acordo com a organização, a participação de crianças em países ou comunidades de língua portuguesa foi particularmente significativa. “Foi o caso de Moçambique, com eventos, por exemplo, nas dioceses de Pemba e de Niassa, ou na diocese de Macau, na China. Através da Fundação AIS de Portugal houve também a mobilização de grupos de crianças em vários outros países, com destaque para o continente africano. A diocese de Wau, no Sudão do Sul, ou a paróquia de Saint John Vianney, em Foya, na Libéria, são exemplos disso”, nota a AIS numa nota de Imprensa.
A edição de 2022 foi a primeira a ser promovida pela Fundação AIS desde o início da guerra na Ucrânia. O conflito no Leste da Europa não foi esquecido em muitas das nações que se associaram ao certame. Em Portugal, no Santuário de Fátima, ficou pautado por um momento de grande simbolismo. Entre as centenas de pessoas que oraram no “Altar do Mundo” estiveram várias famílias ucranianas, “exibindo bandeiras do seu país, e algumas crianças desta comunidade participaram mesmo na oração de um dos mistérios, rezando na sua língua natal”, refere o mesmo comunicado.
A génese de “Um Milhão de Crianças Rezam o Terço” remonta ao ano de 2005 e a um dos maiores santuários de Caracas, capital da Venezuela. Depois de várias dezenas de crianças terem participado na recitação do Terço, algumas das mulheres presentes dizem ter sentido uma profunda da presença de Nossa Senhora. A uma delas terá surgido a intuição de desafiar as crianças de todo o mundo para uma jornada de oração, tendo por base uma das mais famosas frases do Padre Pio: «Quando um milhão de crianças rezarem o Terço, o mundo mudará».
Marco Carvalho