A beatificação de Paulo VI
Os teólogos especialistas da Congregação para as Causas dos Santos aprovaram, por unanimidade, um milagre atribuído à intercessão de Giovanni Battista Montini, o Papa Paulo VI. A cura, já julgada «inexplicável» pela junta médica guiada pelo doutor Patrizio Polisca, foi examinada pelos cardeais e bispos do dicastério, antes da aprovação final do Papa Francisco. O postulador da causa, padre Antonio Marrazzo, escolheu um caso de cura que resultou «inexplicável» aos primeiros exames clínicos.
Em 20 de Dezembro de 2012, quase nas vésperas da sua histórica renúncia, Bento XVI proclamava o «heroísmo das virtudes» de Paulo VI. Para a beatificação era necessário somente o reconhecimento de um milagre. O suposto milagre que Marrazzo apresentou foi a cura de um nascituro realizada no início dos anos noventa, na Califórnia.
Durante a gravidez os médicos encontraram graves problemas no feto e, por causa das consequências cerebrais que acontecem nestes casos, os médicos sugeriram que a única solução para essa jovem mãe seria o aborto. A mulher opôs-se, querendo levar a gravidez até o fim, apesar de saber que o seu filho nasceria gravemente afectado a nível físico e a nível cerebral, e confiou-se à intercessão de Paulo VI, que em 1968 havia escrito a encíclica “Humanae vitae”.
A criança nasceu sem nenhum problema. Para constatar que não havia nenhuma consequência e havia sido uma cura perfeita, os médicos esperaram que chegasse à adolescência. Trata-se, segundo disse Marrazzo, de «um acontecimento verdadeiramente extraordinário e sobrenatural, ocorrido graças à intercessão de Paulo VI».
O Santuário de Fátima manifestou, no dia 29 de Setembro, «grande alegria» pela beatificação de Paulo VI (1897-1978), o primeiro Papa a visitar a Cova da Iria, a 13 de Maio de 1967, no cinquentenário das aparições. «A notícia da beatificação do Papa Paulo VI é motivo de grande contentamento para toda a Igreja, pois Paulo VI vem enriquecer o número daqueles cristãos que viveram de forma exemplar o seu seguimento de Cristo», referiu o reitor do Santuário, padre Carlos Cabecinhas.
A cerimónia de beatificação do Papa Paulo VI decorreu no final da III Assembleia-Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família, no passado dia 19 de Outubro, no Vaticano. O decreto para a beatificação foi aprovado, pelo Papa Francisco, a 10 de Maio deste ano.
«Paulo VI foi o grande artífice da continuação dos trabalhos do Concílio Vaticano II e o grande obreiro da aplicação da obra conciliar à vida da Igreja», sublinhou o padre Carlos Cabecinhas. Segundo o reitor do Santuário, o Papa italiano «manifestou um grande amor e desvelo por Fátima», recordando que «foi Paulo VI que ofereceu ao Santuário a sua primeira rosa de ouro».
A rosa de ouro foi concedida por Paulo VI na sessão de 21 de Novembro de 1964 do Concílio Vaticano II e foi entregue ao Santuário pelo cardeal D. Fernando Cento, legado pontifício, em 13 de Maio de 1965.
«É de todos conhecida a grande devoção mariana deste Papa, mas também as muitas vezes, no seu magistério pontifício, que se referiu a Fátima ou se dirigiu aos devotos de Nossa Senhora de Fátima», concluiu o sacerdote.
Maria Fernanda Barroca
Professora