Seminaristas recebem Ministério do Leitorado

CERIMÓNIA FOI PRESIDIDA POR D. STEPHEN LEE

Seminaristas recebem Ministério do Leitorado

Dois jovens seminaristas do Seminário de São José deram na quarta-feira mais um passo rumo ao Sacerdócio. Adriano Agostinho, natural de Macau, e Bosco Chan, nascido na vizinha Hong Kong, receberam das mãos de D. Stephen Lee o Ministério do Leitorado, numa cerimónia vocacional realizada na igreja do Seminário.

A celebração contou com a participação de boa parte dos sacerdotes ao serviço da diocese de Macau, que felicitaram os dois seminaristas pelo importante passo que deram rumo ao Sacerdócio. O Rito da Instituição do Leitor é um dos ministérios que os seminaristas têm de receber antes do Diaconato e da ordenação sacerdotal.

O Leitor é instituído para o Ministério que lhe é próprio: fazer a leitura da Palavra de Deus durante as assembleias litúrgicas. Na Eucaristia, como nos outros actos sagrados, é o Leitor quem profere as leituras da Sagrada Escritura, à excepção do Evangelho.

A instituição do Ministério do Leitorado é uma etapa importante da formação dos candidatos ao Sacerdócio e constitui um passo significativo e o aprofundar do compromisso que os seminaristas assumiram com a grandeza da vocação para a qual foram chamados. Nascido em Macau, no seio de uma família macaense, Adriano Agostinho diz-se grato a Deus pelo chamamento que lhe endereçou e por ter dado um passo mais, rumo à realização da sua vocação. «É um momento de alegria. Um momento também de agradecimento, uma oportunidade para agradecer a Deus por me ter protegido até agora. Já se passaram quatro anos da minha formação no Seminário. Não é propriamente pouco tempo», assume o jovem seminarista. «Agradeço a Deus por este momento. Como disse, é um passo à frente. É um passo rumo ao Sacerdócio. É o início da realização da vocação», assegura Agostinho.

Uma alegria radiante é o que Bosco Chan diz sentir com as novas responsabilidades que lhe foram delegadas por Deus, por meio do bispo D. Stephen Lee. Natural de Hong Kong, Chan sente-se honrado por poder ler e divulgar a Palavra de Deus depois de ter sido por Ela tocado. «Estou exultante neste momento. É um momento que faz culminar uma longa caminhada, a partir da altura em que Deus começou a preparar a minha vida. Ao que parece, o plano que Ele tem para mim está a revelar-se, a desdobrar-se. É um passo mais para a ordenação sacerdotal e este momento que aqui vivi constitui um grande encorajamento. Fui tocado pela Palavra de Deus e agora vou poder chamar a mim este Ministério da Palavra de Deus», lembra Bosco Chan, em declarações a’O CLARIM.

O seminarista, de 32 anos, sentiu o chamamento de Deus aos vinte anos, numa época em que já estudava no Ensino Superior. O agora candidato a sacerdote ainda concluiu a licenciatura em Língua Inglesa e trabalhou como professor durante algum tempo, mas o peso da vocação foi mais forte. «Soube que queria ser padre aos vinte anos. Foi há mais de doze anos. Foi uma longa caminhada mas Deus revelou-se perante mim com uma força arrebatadora. Fê-lo, na verdade, através de uma série de pequenas coisas. Mostrou-me o quanto me amava e o quanto deseja que eu vivesse a vida feliz que Ele me destinou», recorda Bosco Chan. «Sinto-me chamado a servir a Igreja do Século XXI. Sinto-me chamado a servir as pessoas deste século, a estar sintonizado com elas, de uma forma que elas possam entender, que possa ser para elas comunicável. O meu percurso, encaro-o como uma dádiva de Deus e é algo que me vai permitir servir um público mais vasto e a sociedade em geral. A percepção que tenho é que as pessoas têm sede de Deus de uma forma muito mais subtil», acrescenta.

POR DEUS E PARA DEUS

Adriano Agostinho tem um percurso de vida similar. O jovem macaense sempre procurou viver de acordo com os preceitos da Igreja e agir à luz dos Mandamentos, mas a necessidade de se colocar ao serviço de Deus revelou-se-lhe numa noite de Inverno em Portugal, país onde se encontrava a estudar Medicina. Adriano ainda concluiu a licenciatura, mas nunca chegou a exercer como médico. Regressou a Macau e iniciou, no Seminário de São José, uma longa caminhada para o Sacerdócio, destino que está agora à distância de dois pequenos passos. Está convicto que o conhecimento que absorveu como estudante de Medicina constitui um importante contributo para o papel a que se propõe no futuro. «A Medicina não é uma ciência exacta. Nós tentamos aplicar os nossos conhecimentos científicos, mas depois há a parte humana. E isto também é um aspecto muito enriquecedor: a parte humana, tentar compreender os problemas dos outros, o irmos ao encontro de pessoas muito diferentes, que estão a sofrer», refere Agostinho. «A doença é a mesma, mas o sofrimento é diferente, as expectativas são diferentes. O médico entra em contacto diário com estas realidades e isso também enriquece o Sacerdócio. O Sacerdócio também presume o encontro com pessoas diferentes, com diferentes histórias de vida, diferentes sofrimentos. Por vezes também aparecem outro tipo de doenças, com um cariz mais espiritual. A formação que tive em Medicina, tudo isso ajuda».

Tanto Adriano Agostinho como Bosco Chan sentem-se preparados para se colocarem ao serviço da diocese de Macau, depois de concluídos os estudos teológicos e a longa caminhada de preparação sacerdotal, mas nem um, nem outro, descuram a possibilidade de partirem em missão, seja na China ou em qualquer outro rincão do mundo. «Vejo-me a mim mesmo como um padre em Macau, mas sempre entendi que a minha vocação é a de servir o povo chinês de uma forma especial. É óbvio que, tendo sido chamado por Cristo, tendo sido chamado pela Igreja, tenho de ser muito aberto. Sempre que a necessidade surgir, terei que partir. E vou permitir que Jesus Cristo assuma o comando e me conduza onde quer que seja para servir o seu povo», conclui Bosco Chan.

Marco Carvalho

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