As crianças são a esperança
Os pais, os educadores e os avós são os obreiros essenciais do desenvolvimento de uma criança. É uma aprendizagem para todos, onde os conselhos sábios são sempre bem-vindos.
Para esta aprendizagem, existe uma regra de ouro, que todos os artistas conhecem e pela qual aprendem: o fracasso e o recomeço.
Vou-me servir das artes para falar das crianças, pois elas gostam de artes e, se os pais as deixarem tomar contacto com este mundo, usando a sua criatividade, rapidamente sentem que possuem ali um porto seguro, onde, por meio da imaginação, podem depositar tudo o que lhes passa pela mente.
Através do acesso a vários materiais, texturas, etc., além de se expressar, a criança começa a entender-se como ser humano. A arte promove o amadurecimento cognitivo e auxilia na percepção do mundo. A compreensão do que faz auxilia-a a ter uma posição crítica em relação ao processo de percepção e à materialização do raciocínio – o raciocínio e o reconhecimento de si mesma e dos outros. A arte ajuda-a muito na comunicação e ajuda-a a entender as suas próprias emoções e o que a vai rodeando.
Os rabiscos nas idades mais novas devem ser interpretados como se de uma expressão escrita se tratasse. Todas as capacidades intelectuais da criança vão ser potencializadas e o seu equilíbrio emocional será normalizado.
A arte também é uma forma de melhorar a relação entre pais e filhos. É uma actividade que promove a felicidade e dá segurança a uns e outros.
A arte é uma ferramenta essencial na formação escolar, mental e emocional das crianças, permitindo-lhes ganhar resiliência, paciência e autocontrolo. Por isso, use e abuse destas ferramentas, como manifestação natural e método para o seu desenvolvimento.
Cada obra – desenho, escultura, etc. – pode, depois de acabada e caso se justifique, transformar-se em novos ensinamentos e ser fonte de muitas conversas. As outras disciplinas não são mais importantes do que esta sua experimentação; pelo contrário, ela ajudará muito ao seu aproveitamento escolar, pois estes conhecimentos ajudam a criar, no futuro, um mundo onde o Ser Humano é mais respeitado.
Hoje em dia, assistimos a muitos comportamentos desviantes. A família tem sido muito atacada, entre outros movimentos pela ideologia de género, que afirma que as diferenças entre os sexos não existem, ou não têm uma base biológica. Tais declarações contribuem, naturalmente, para confundir as crianças. Como afirmou um deputado do Parlamento português, os promotores desta ideologia «estão a usar crianças de seis anos como cobaias de experiências».
Como se sabe, ninguém nasce com “género”, mas todos nascemos com um sexo específico. A sexualidade humana está padronizada e tem por base a presença de cromossomas. Quem pensa ter um sexo diferente daquele com que nasceu sofre da chamada distrofia de género, uma patologia extremamente dolorosa, mas rara. O que já não é assim tão raro é os adolescentes sentirem dúvidas quanto à sua identidade sexual precisamente na fase em que estão a descobrir-se, mas a esmagadora maioria normaliza essa identidade no final da puberdade. Pelo contrário, quando os adolescentes são artificialmente incentivados a intensificar essas dúvidas, o seu sofrimento aumenta e, com ele, as taxas de suicídio. «Doutrinar crianças com ideologia de género é uma maldade», afirmou o Papa Francisco, enunciando aquela que é a visão da maioria dos pais e educadores.
A expressão por via da arte é um meio muito útil para reforçar a identidade das crianças ao longo do seu processo educativo. Postos a manifestar-se por esta via, os artistas de palmo e meio podem tornar-se mais fortes e capazes de resistir a influências destrutivas da sua unidade interior.
As crianças são a esperança, como escreve Francisco no título de um livro recente, e geram esperança nos adultos. Façamos delas efectivamente a nossa esperança e, para que essa esperança desabroche numa certeza, recorramos a essa ferramenta preciosa que é a arte.
ANA FIGUEIREDO
Pintora