A Fátima do Oriente
Em Akita, no ano de 1969, houve uma primeira aparição do anjo à irmã Agnes Sasagawa, do mesmo modo que, em 1917, aconteceu aos três pastorinhos numa colina próxima da Cova da Iria, em Fátima. Contudo, ao contrário de Fátima, Nossa Senhora não apareceu de forma física em Akita. No período compreendido entre 1969 e 1982, além das aparições do anjo e dos fenômenos místicos da irmã Agnes, a Sua presença fez-se sentir através de uma imagem que lacrimejou 101 vezes, verteu sangue, proveniente de um estigma da mão direita, e transpirou óleo de agradável perfume. A Mãe de Deus escolhia a irmã Agnes para transmitir no Oriente um derradeiro apelo à conversão, do mesmo modo que fez em Fátima.
A escultura de Nossa Senhora de Akita, esculpida de um único bloco de madeira de uma árvore Katsura, com aproximadamente um metro de altura, terá sido provavelmente inspirada na imagem que Nossa Senhora deu à vidente Ida Peerdeman, na Holanda, em 1945. A vidente descreveu assim a visão que lhe foi dada de Nossa Senhora: «Em pé sobre o globo terrestre, com um vestido branco, solto, escorrido, deixando visível os pés descalços. Uma faia dourada na cintura e um pequeno véu na cabeça. Cabelos pretos e longos. Os braços estendidos para baixo, em diagonal, e de cada mão saem raios: “Estes, são raios de graça, Salvação e Paz”. Nas suas costas, por detrás, surge uma grande Cruz (…)».
A Virgem Santíssima na Holanda alertou para uma grande crise de fé na Igreja, em todo mundo, causada pela desvalorização do sobrenatural e místico, com trágicas consequências para as almas, os povos e as nações.
Revelações dadas em Akita – A irmã Agnes Katsuko Sasagawa ingressou no convento das Servas da Santíssima Eucaristia em Yuzawadai, a 12 de Maio de 1973. Sofria de uma surdez total, incurável.
Nesse mesmo ano, depois de uma visão na qual uma coorte celeste lhe apareceu em torno do tabernáculo adorando o Santíssimo Sacramento, ela recebeu na mão esquerda o estigma da Paixão de Nosso Senhor, provocando-lhe imensa dor e sofrimento. Nos meses que se seguiram, a Santíssima Virgem comunicou-se por três vezes com a irmã Agnes que, apesar da sua surdez, ouvia a voz de Nossa Senhora nitidamente diante da imagem.
Uma noite, estando em oração, viu a imagem de Nossa Senhora iluminar-se e animar-se, e ouviu: «Minha filha, tu foste coerente na fé. O ouvido será curado. Sê paciente. Sacrifica-te e expia pelos pecados do mundo. Tu és, para mim, uma filha indispensável. Reza pelo Papa, pelos bispos e pelos sacerdotes».
Mais tarde, a irmã Agnes daria testemunho da cura milagrosa da sua surdez.
Primeira mensagem – «Minha filha, minha noviça, mostraste-te muito submissa abandonando tudo para me seguir. A surdez incomoda-te? A tua chaga será curada. Sê paciente. Esta é a última prova. A chaga causa-te muito sofrimento? Reza em reparação pelos pecados dos homens. Cada pessoa nesta comunidade é minha filha insubstituível. Sabes rezar a oração das Servas da Eucaristia? Então vamos rezar juntas».
Segunda mensagem – «Minha filha, minha noviça, amas o Senhor? Se amas o Senhor, ouve o que eu tenho para te dizer. É muito importante. Deverás dizer isso ao teu superior. Muitos homens neste mundo afligem o Senhor. Eu desejo almas que O consolem para acalmar a ira do Pai Celestial. Eu e meu Filho desejamos almas que reparem o seu sofrimento e pobreza, pelos pecadores e pelos ingratos. Para que o mundo possa conhecer a Sua cólera, o Pai Celeste está a preparar um grande castigo para todos os homens. Com o meu Filho temos intervindo muitas vezes para apaziguar a ira do Pai (…)».
Terceira mensagem – Palavras da irmã Agnes Sasagawa, referentes à aparição do dia 13 de Outubro de 1973: “Previamente eu tinha sido tratada como: ‘minha filha, minha noviça’, naquele momento Santa Maria disse: ‘minha amada filha, ouve cuidadosamente o que eu tenho a dizer, e fala ao teu superior sobre isto. Assim como eu te tinha dito anteriormente, se as pessoas não se arrependerem, Deus irá mandar uma punição terrível. Quando isto acontecer, será mais severo que nunca, ainda pior que no tempo do Dilúvio; um fogo cairá do Céu, a maior parte da humanidade será destruída, nem sacerdotes, nem fiéis serão poupados, os sobreviventes estarão tão desolados que invejarão os mortos. As únicas armas que vos restarão serão o Rosário e o sinal do meu Filho. Rezem o Rosário, rezem pelo Papa, bispos e padres. Satanás infiltrar-se-á na Igreja, cardeais irão opor-se a cardeais, bispos contra bispos, aqueles sacerdotes que me veneram serão desprezados e atacados. Igrejas e altares serão profanados. A Igreja estará cheia daqueles que aceitam compromissos. Satanás irá levar muitos sacerdotes e religiosos para longe de Deus. Ele concentrar-se-á principalmente sobre as almas consagradas. A perda de tantas almas causar-me-á grande aflição. Não haverá perdão se os pecados continuarem a crescer. Não tenhas medo de falar ao teu superior sobre isto, ele saberá como te encorajar, a rezar e a reparar.
Hoje será a última vez que te falarei a viva voz. Doravante obedecerás àquele que eu te enviar e ao teu superior’”.
Nossa Senhora, de seguida, comunicaria à irmã Agnes que o seu superior seria o bispo D. John Shojiroo Ito.
Reconhecimento da Igreja – As aparições aconteceram sempre diante de uma imagem da Virgem Maria. Esta, algumas vezes, verteu lágrimas e sangue. Mais de quinhentas pessoas foram testemunhas deste fenómeno. Entre elas, por quatro vezes, também o bispo da localidade, D. John Shojiroo Ito. Mandou examinar as lágrimas e o sangue na Faculdade de Medicina de Akita. O exame comprovou serem lágrimas e sangue humanos.
D. John Shojiro Ito, bispo de Niigata, depois de anos de prolongada investigação, declarou os acontecimentos de Akita como sendo de origem sobrenatural e autorizou em toda a Diocese a veneração de Nossa Senhora de Akita.
Em Junho de 1988 o cardeal D. Joseph Ratzinguer, Perfeito da Congregação para a Doutrina da Fé, pronuncia um julgamento definitivo sobre os acontecimentos e mensagens de Akita como sendo de confiança e dignos de crédito.
Beatificação de Takayama Ukon (1552-1615) – Aproveitamos para deixar um breve registo da beatificação que acontecerá, já no próximo mês, de um mártire japonês: Takayama Ukon, um samurai que se converteu ao Cristianismo.
Depois de ter perdido tudo, dado à sua conversão, e ser practicamente um fugitivo no seu país, rumou um dia às Filipinas, chegando a Manila depois de quarenta e três dias de viagem, tendo sido muito bem acolhido pelo povo cristão, de fé fervorosa. Takayama Ukon, já debilitado e sofrido pela viagem, viria a morrer quarenta dias após a chegada, no dia 3 de Fevereiro de 1615.
A Conferência Episcopal Japonesa propôs a beatificação para o aniversário dos 400 anos da sua morte, em Fevereiro de 2017, tendo sido aprovada pelo Papa Francisco.
Miguel Augusto