A Igreja celebrou ontem, 8 de Dezembro, o Dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria

Ave, Maria, gratia plena, Dominus tecum.

Por meio de uma mulher (Eva) entrou o pecado no mundo, assim também, por meio de uma mulher (Maria) Deus trouxe a salvação à humanidade. Maria, Mãe de Deus – Theotokos – foi nos dada para toda a eternidade por Jesus quando, ainda na cruz, falou ao apóstolo amado – a todos nós – e disse, momentos antes de entregar o seu espírito ao Pai: «Então, Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: “Mulher, eis o teu filho!” Depois, disse ao discípulo: “Eis a tua mãe!” E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua» (Jo 19, 26-27), imortalizando Maria como última dádiva do Seu amor pleno e consumado. Aceitemos este presente das mãos santas de Cristo, a nossa Mãe celeste em nossos corações, Ela, doce e imaculada que não se cansa de vir ao nosso encontro.

Em 1830, a Virgem Maria apareceu a Santa Catarina Labouré, pedindo que se cunhasse uma medalha com a oração: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”.

Passados mais de vinte anos, o Papa Pio IX, no dia 8 de Dezembro de 1854, juntamente com 54 cardeais, 43 arcebispos, 100 bispos e mais de 50 mil romeiros, que vieram de todo o mundo, declarou a Bula Ineffabilis Deus, que traz o dogma: “É de Deus revelada a Doutrina que sustenta que a Virgem, Bem-Aventurada Maria, no primeiro instante de sua conceição, por singular Graça e privilégio do Deus Omnipotente, em vistas dos méritos de Jesus Cristo, o Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, e dessa maneira deve ser crida por todos os fiéis”.

A própria Virgem Maria, na sua aparição em Lourdes, em 1858, confirmou a definição dogmática e a fé do povo, dizendo a Santa Bernadette e para todos nós: “Eu Sou a Imaculada Conceição”.

 

O TERMO IMACULADA CONCEIÇÃO

Conceição significa concepção, o acto de ser concebido ou gerado no ventre de uma mulher. Imaculada significa sem mancha.

O termo Imaculada Conceição é associado, por muitos, à pureza imaculada da concepção de Jesus no ventre de Maria, sabendo que Jesus não nasceu da relação de Maria com um homem, mas por obra do Espírito Santo.

Contudo, este título refere-se à concepção da própria Maria no ventre da sua mãe. Apesar de ser fruto da relação conjugal de um homem e uma mulher, a conceição imaculada de Maria não tem nada a ver com os seus pais (São Joaquim e Santa Ana), é antes um dom de Deus a Maria, que a livrou do pecado original desde o início da sua existência.

 

ENTRE O MISTÉRIO E A RAZÃO HUMANA

Estamos diante de um mistério. Tal como refere Frei Clarêncio Neotti, OFM, perante um facto que a nossa inteligência, por ser conhecidamente limitada, não consegue alcançar, nem explicar, mas isso não significa que o mistério contradiga a razão humana, apenas excede-a.

A Sagrada Escritura ensina-nos que Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança. Não o fez por necessidade, mas num gesto gratuito de amor.

Aconteceu, no entanto, o grande transtorno: os nossos primeiros pais, apesar de feitos à imagem e semelhança de Deus, eram criaturas e como criaturas dependiam do Criador. Adão e Eva pecaram, querendo passar da liberdade e santidade de criaturas à liberdade e santidade do Criador, ou seja, quiseram igualar-se a Deus, «ser como Deus» (Gn 3, 5).

Contudo, os planos de Deus, ainda que as criaturas os desviem, quebrem ou não os queiram, acabam por se realizar. Criado por amor, o ser humano estava destinado a uma plena e eterna comunhão com Deus. Essa Comunhão é tão íntima e divina, que o próprio Filho de Deus dela participou sem nenhuma diminuição da sua divindade.

Ora, para o Filho de Deus encarnar, Deus havia escolhido desde sempre uma mulher e a havia imaginado santíssima, para ser a Mãe do Filho do Altíssimo, gerado, não criado, isenta do pecado de Adão e Eva.

 

A GRAÇA DE COMPREENDER

Quando contemplamos a Imaculada Conceição da Mãe de Deus, muitas questões se colocam, tal como, em que momento ela foi infundida na alma de Nossa Senhora?

«Que Deus conceda a muitos uma maior inteligência da fé, a graça de compreender um pouco mais a sabedoria das obras que Ele nos fez conhecer e crer. Submetamos a nossa pobre inteligência à infinita sabedoria de Deus e à maior das suas obras: a Sempre Virgem Maria», refere Marcos Roberto Bonelli.

Se Maria conservava e meditava em seu coração todas as coisas que via e ouvia de Cristo, façamos o mesmo com os exemplos que Ela nos deixou e corrijamos os nossos erros tomando Nossa Mãe como o mais puro modelo de virtudes.

A Igreja aplica a Nossa Senhora este texto do livro dos Provérbios: «Agora, pois, filhos, ouvi-me: Felizes os que guardam os meus caminhos. Ouvi as minhas instruções, e sede sábios, não queirais rejeitá-las. Feliz o homem que me ouve, e que vela todos os dias à porta da minha casa, e que vela às suas vigas. Aquele que me encontrar, encontrará a vida e obterá do Senhor a salvação» (Pr 8, 32-35).

Difundamos a sua grandeza diante dos homens, porque ela faz brilhar a grandeza de Nosso Senhor, que a concedeu à Santíssima Virgem. Torná-la conhecida, para nós mesmos e para os outros, é conquistar a salvação. «Aquele que me ouve não será confundido; e os que se guiam por mim não pecarão. Aqueles que me tornam conhecida terão a vida eterna» (Ecl 24, 30-31).

Nossa Senhora da Imaculada Conceição, rogai por nós!

Miguel Augusto 

Com Arautos do Evangelho, Franciscanos (OFM) e Montfort, Associação Cultural

 

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