D.Stephen Lee insta alunos a «servirem a China e o mundo»
D. Stephen Lee, bispo de Macau, exortou os estudantes da Universidade de São José que terminaram este ano o seu percurso académico a «servirem a China e o mundo», no discurso que proferiu no passado sábado, durante a cerimónia de entrega de diplomas aos mais de 370 alunos que concluíram os respectivos cursos.
Na qualidade de chanceler da Universidade de São José, D. Stephen Lee instou os agora antigos alunos da USJ a «servirem com amor e com generosidade», de forma a serem capazes de viver a vida com sentido de plenitude e de propósito. «Servir significa dar. Dar com amor, com generosidade, sem aguardar nada em troca. Acredito que quando escolhemos servir, só então começamos a compreender que servir é começar a compreender o significado e o propósito da vida», disse o bispo de Macau.
Os recém-licenciados dos estabelecimentos de Ensino Superior do território não costumam deparar-se com dificuldades para encontrar emprego ou colocação no final dos estudos, mas para D. Stephen Lee a Região Administrativa Especial deve deixar de ser o horizonte dos que chegam pela primeira vez ao mercado de trabalho. «Hoje em dia são muitos os que dizem que amam Macau. É bom que amem Macau, mas não é suficiente. Macau é muito pequeno. O vosso amor é muito pequeno. Com a construção da Grande Baía é necessário amar a China. Não se pode apenas amar Macau porque isso seria alimentar uma mentalidade provinciana. O vosso amor deve ser suficientemente grande para servir a China e para servir o mundo», afirmou o prelado.
As cerimónias de entrega de diplomas da Universidade de São José foram este ano conduzidas em dois momentos distintos: um realizado da parte da manhã e o outro da parte da tarde, de modo a acomodar cerca de 370 diplomados e mais de um milhar de convidados.
Durante o período da manhã, o padre Peter Stilwell conferiu a Yung Chun Sing e a Ma Fei Chun os diplomas de Doutoramento na área das Indústrias Criativas. Na mesma sessão, o reitor da Universidade de São José atribuiu ainda 29 diplomas de Mestrado, 159 diplomas de Bacharelato e 23 diplomas de Associado.
Na segunda das sessões, realizada durante a parte da tarde, foram entregues 157 diplomas de Pós-Graduação. A natureza e a variedade dos diplomas – sublinhou o padre Peter Stilwell – é um bom exemplo da diversidade da oferta académica da USJ. «Aquilo que para mim deixa marca é a variedade dos cursos, porque estes diplomados estavam repartidos por uma série de cursos. Um espaço como é o nosso campus permite que os alunos vão fazendo uma experiência – chamar-lhe-ia interdisciplinar – mas é mais do que isso: são várias visões dos problemas do mundo e das maneiras de os enfrentar, que eu creio que correspondem à vocação da Universidade», referiu, acrescentando: «A Universidade tem sido capaz de pensar fora dos quadros da disciplina específica que as pessoas estudaram, e pensar o mundo como um lugar multifacetado em que as respostas aos desafios do tempo em que vivemos têm, também, de ser respostas multifacetadas».
A exemplo do que tem sucedido nos outros anos, o futuro dos alunos que concluíram em Maio o seu percurso académico não preocupa os responsáveis pela Universidade de São José. Num território com uma das mais baixas taxas de desemprego do mundo, o dilema do primeiro emprego está longe de ser um drama, considera o padre Peter Stilwell: «O desemprego em Macau ronda um por cento, o que significa que os nossos alunos têm emprego de imediato. Não temos qualquer indicação que haja alunos que depois de saírem daqui não tenham conseguido emprego. Alguns deles já estão empregados antes de sair, porque as empresas precisam de uma percentagem locais, para depois poderem contratar gente de fora. Essa pergunta aqui em Macau não faz muito sentido. Fazia sentido se alargássemos esta premissa aos alunos internacionais. Os alunos internacionais não conseguem emprego em Macau».
Com uma capacidade de absorção limitada por ainda não ter sido autorizada a recrutar alunos na China continental, a USJ tem vindo a apostar nos cursos de pós-graduação e no reforço dos vínculos que foi criando ao longo dos anos com alunos e antigos alunos. «Se quiserem avançar para mestrado, eu estou em crer que a dimensão das licenciaturas e a importância das licenciaturas vai diminuindo à medida que uma maior percentagem da população vai obtendo uma formação universitária. Para hoje em dia sermos capazes de responder aos desafios das profissões, temos de avançar para o nível dos mestrados», defendeu o padre Peter Stilwell. «É ao nível do mestrado que se começa a fazer investigação, que se começa a ter autonomia em termos de pensamento. Não é a mesma coisa que um doutoramento, mas é já qualquer coisa que pressupõe criatividade».
A aposta na oferta de cursos de pós-graduação, clarificou o responsável, é também uma resposta ao número cada vez mais escasso de alunos da RAEM. «As indicações que temos são aquelas que se esperaria por causa da demografia de Macau. O número de pessoas a sair das escolas secundárias é cada vez menor e estão a ser atraídas para a China continental com um grande número de bolsas para as melhores universidades. Vão também para Taiwan e para outras zonas do mundo e, portanto, o número de alunos locais é cada vez menor e nós notamos isso nas licenciaturas», admitiu o sacerdote. «Nos mestrados, temos três ou quatro mestrados que normalmente enchem e este ano deverão continuar a manter esse número: na área do “business”, na área da comunicação social, na área da educação e também o mestrado em psicologia. Em educação e psicologia, por exemplo, temos de recusar alunos porque não podemos garantir um acompanhamento sério das teses se os números forem acima de um certo patamar».
«Temos pena de não podermos recrutar da China continental, mas isso virá a seu tempo. Temos a novidade de que está em curso o reconhecimento, por parte da China continental, dos graus conferidos em Macau. O reconhecimento é geral e, nessa altura, seremos reconhecidos nesse âmbito. Penso que a prazo será essa a abertura que irá surgir», concluiu.
Marco Carvalho