ARTM vai abrir café e galeria em Ká Hó
A Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM) deverá inaugurar ainda este ano um café e uma galeria de arte em Ká Hó, na ilha de Coloane. As novas valências vão nascer nas agora recuperadas instalações da Antiga Leprosaria e têm como principal objectivo contribuir para a reinserção social dos pacientes da instituição, dotando-os de competências que serão testadas nos novos espaços.
Os dois novos projectos, explicou Augusto Nogueira em declarações a’O CLARIM, estão prontos para abrir portas e a data de inauguração está pendente do acerto «de alguns pequenos detalhes» com o Instituto Cultural e a Secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura. «Gostávamos de inaugurar, no próximo mês, o nosso café e a nossa galeria de arte, que estão englobados no nosso projecto de desenvolvimento de carreira e de práticas de reinserção social, tendo em vista as pessoas que estão em tratamento. Ao abrigo, os pacientes aprendem várias competências, como servir à mesa e fazer comida no nosso café», disse o presidente da ARTM. «O projecto abrange também uma galeria de arte que servirá não só para exibir os trabalhos feitos na ARTM, mas também de outros centros de reabilitação. Estamos a colaborar com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, com centros de reabilitação na China e com outros centros de tratamento à volta do mundo. O espaço também vai estar aberto ao público, para todos quantos queiram expor os seus trabalhos e não têm hipótese de o fazer no chamado circuito normal», acrescentou Augusto Nogueira.
No início de Dezembro, possivelmente antes ainda das novas valências serem inauguradas, a Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau promove o seu tradicional jantar de gala anual. Previsto para 5 de Dezembro, numa das unidades hoteleiras do Cotai, o evento tem uma relevância providencial, amplificada este ano pelas dificuldades associadas ao impacto que a pandemia do Covid-19 teve sobre a economia do território. «O jantar de gala é onde, ao fim e ao cabo, a ARTM tenta angariar os fundos necessários para o ano de 2021. Este ano, como sofremos cortes de cinquenta por cento nos apoios para as actividades extras, é bastante importante a angariação de fundos, não só para podermos apoiar essas actividades extras, mas também as despesas que temos com os vários departamentos da ARTM, para os quais o apoio oficial não chega», sublinhou o dirigente.
A pandemia do Covid-19 teve um impacto inequívoco sobre as economias de todo o mundo, mas as restrições adoptadas também tiveram implicações positivas. O encerramento de fronteiras e as barreiras à circulação de pessoas fizeram com que o consumo de estupefacientes no território caísse de forma acentuada, acentuou Augusto Nogueira. «É natural que com a pandemia se tenha visto uma grande redução no consumo, não é? Se é mais difícil fazer com que a droga entre em Macau, isso faz com que o valor, ao fim e ao cabo, dos estupefacientes seja muito mais caro e o consumo acaba por cair», afirmou o presidente da ARTM. «Isso acontece, ou porque os consumidores não têm capacidade financeira para adquirir ou porque o acesso é muito mais difícil. Houve uma grande redução no consumo a nível geral, tanto da heroína, obviamente, como também das metanfetaminas e outras drogas sintéticas», concluiu.
Marco Carvalho